Filho de Érico Veríssimo, um dos maiores nomes da literatura nacional, Luis Fernando Verissimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. Aos 16 anos, foi morar nos EUA, onde aprendeu a tocar saxofone, hábito que cultiva até hoje – tem um grupo, o Jazz 6. É jornalista, mas “do tempo em que não precisava de diploma para exercer a profissão”. Antes de se dedicar exclusivamente à literatura, trabalhou como revisor no jornal gaúcho Zero Hora, em fins de 1966, e atuou como tradutor, no Rio de Janeiro. Casado há mais de 30 anos com Lúcia Verissimo (“não é a atriz, não é a atriz!”), sua primeira “namorada séria”, tem três filhos: Fernanda, Mariana e Pedro.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sexa

   — Pai
   — Hmmm?
   — Como é o feminino de sexo?
   — O quê?
   — O feminino de sexo.
   — Não tem.
   — Sexo não tem feminino?
   — Não.
   — Só tem sexo masculino?
   — É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.
   — E como é o feminino de sexo?
   — Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.
   — Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
   — O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra “sexo” é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.
   — Não devia ser "a sexa"?
   — Não.
   — Por que não?
   — Porque não! Desculpe. Porque não. “Sexo” é sempre masculino.
   — O sexo da mulher é masculino?
   — É. Não! O sexo da mulher é feminino.
   — E como é o feminino?
   — Sexo mesmo. Igual ao do homem.
   — O sexo da mulher é igual ao do homem?
   — É. Quer dizer... Olha aqui. Tem o sexo masculino e o sexo feminino, certo?
   — Certo.
   — São duas coisas diferentes.
   — Então como é o feminino de sexo?
   — É igual ao masculino.
   — Mas não são diferentes?
   — Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra.
   — Mas então não muda o sexo. É sempre masculino.
   — A palavra é masculina.
   — Não. “A palavra” é feminino. Se fosse masculina seria “o pal...”
   — Chega! Vai brincar, vai.
   O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:
   — Temos que ficar de olho nesse guri...
   — Por quê?
   — Ele só pensa em gramática.

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