O escritor gaúcho será o 1º convidado do projeto “Minha Pátria, Minha Língua”, criado para promover o idioma português e a literatura brasileira no exterior
Desde já antecipado como uma das grandes atrações tanto do Focus-Brazil quanto do PressAward 2011, de 13 a 16 de abril no Broward Center, em Fort Lauderdale (FL), o cronista e romancista gaúcho Luís Fernando Veríssimo será o primeiro convidado do projeto “Minha Pátria, Minha Língua”, criado pelos jornalistas Roberto Lima e Carlos Borges para promover o idioma português e a literatura brasileira no exterior.
Luís Fernando Veríssimo falará de literatura no dia 13 no Focus-Brazil, a partir das 11 da manhã na sala Abdo New River do Broward Center e no dia seguinte (14) participará de uma noite de autógrafos promovida pelo Centro Cultural Brasil-USA de seu mais recente lançamento, “Os Espiões”, a partir das 8 da noite na “Ornare”, no Miami Design District.
O escritor, que por duas fases em sua vida viveu nos Estados Unidos, será homenageado em 16 de abril, durante a cerimônia de premiação de Arte & Cultura do Brazilian InternationalPress Award, com o “Lifetime Achievement Award”, juntando-se aos 3 premiados anteriormente nessa categoria: Nélida Piñon, João Ubaldo Ribeiro e Ana Maria Machado.
Na entrevista abaixo, Luís Fernando Veríssimo fala de sua iniciação profissional, dos tempos em que morou nos Estados Unidos e o significado da premiação que receberá.
• O senhor viveu parte de sua infância e adolescência nos Estados Unidos, com a família? Conte-nos como foi esta experiência?
• Luís Fernando Veríssimo: Vivi dos 7 aos 9 anos na Califórnia, entre San Francisco e Los Angeles, e dos 16 aos 20 em Washington - DC. No primeiro período, de 43 a 45, peguei a Segunda Guerra Mundial, que terminou quando estávamos voltando para o Brasil. No segundo peguei a Guerra Fria, o MacCartismo, o começo da desegregação nas escolas, o ElvisPresley e o nascimento do rock. Foram duas boas experiências que influíram muito na minha vida e nos meus gostos.
• Filho de um escritor consagrado como Érico Veríssimo, fale-nos das dificuldades de construir uma carreira na literatura tendo que conviver com eventuais comparações.
• Luís Fernando Veríssimo: Minha carreira jornalística e depois literária foi meio acidental. Não tinha diploma de nada e custei um pouco a encontrar minha vocação. Não tinha a menor intenção de ser escritor e ser filho de um escritor conhecido talvez tenha algo a ver com isto. Mas quando comecei a escrever em jornal o fato de ter um sobrenome conhecido ajudou, claro. O que eu faço é diferente do que o meu pai fazia, não tem havido comparações. Pelo menos que eu saiba.
• Seu novo livro “Os Espiões” é um romance. É difícil para um cronista de ofício transitar com segurança entre um gênero ao outro?
• Luís Fernando Veríssimo: Na verdade, “Os espiões” é o meu sexto romance. Todos são curtos, acho que a relação com a crônica está aí. Eu comparo fazer crônica e romance com pilotar um veleiro e pilotar um transatlântico. Claro que é muito diferente, mas os princípios de navegação são os mesmos.
• O senhor acha que uma crônica de humor pode ser usada para “resolver” assuntos importantes de um país?
• Luís Fernando Veríssimo: Não, a crônica e o humor não resolvem nada. Podem chamar atenção para o que precisa ser resolvido, mas nunca serão mais do que palpites, bem humorados ou não.
• Fale-nos de seu novo trabalho.
• Luís Fernando Veríssimo: Deve sair um novo livro de crônicas este ano, mas ainda não está nada definido.
• Constata-se que os filhos de brasileiros nascidos nos EUA estão se distanciando da língua dos pais. O senhor acha importante iniciativas como o “Minha Pátria, Minha Língua” que visam a preservação da diáspora brasileira no exterior?
• Luís Fernando Veríssimo: Acho importante não tanto por razões patrióticas, embora seja recomendável manter um vínculo da criança com o país dos pais, mas porque dominar uma segunda língua será sempre benéfico para a garotada.
• O Brasil acaba de eleger sua primeira presidenta. O que isto representa para o povo do país?
• Luís Fernando Veríssimo: Não sei se o sexo do presidente faz muita diferença. Vale pela novidade e pelo fato de seguir uma tendência mundial de cada vez mais mulheres governando, mas a Dilma foi obviamente eleita pela popularidade e pela recomendação do Lula. Pelo que sei dela, é uma pessoa competente.
• O que significa para o senhor receber um prêmio pela vasta contribuição à cultura brasileira?
• Luís Fernando Veríssimo: Estou muito honrado, principalmente por entrar numa lista de premiados desse valor. Não sei se minha contribuição justifica o prêmio, mas não estou me queixando.
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