Filho de Érico Veríssimo, um dos maiores nomes da literatura nacional, Luis Fernando Verissimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. Aos 16 anos, foi morar nos EUA, onde aprendeu a tocar saxofone, hábito que cultiva até hoje – tem um grupo, o Jazz 6. É jornalista, mas “do tempo em que não precisava de diploma para exercer a profissão”. Antes de se dedicar exclusivamente à literatura, trabalhou como revisor no jornal gaúcho Zero Hora, em fins de 1966, e atuou como tradutor, no Rio de Janeiro. Casado há mais de 30 anos com Lúcia Verissimo (“não é a atriz, não é a atriz!”), sua primeira “namorada séria”, tem três filhos: Fernanda, Mariana e Pedro.

domingo, 20 de março de 2011

O ubíquo Mr. Summers - Crônica do Bom Dia (20/03/11)

"Ubíquo. Adj. Que está em toda parte.” Exemplo: Lawrence Summers. Mr. Summers conseguiu até ser personagem de dois dos filmes que concorreram ao Oscar, este ano. Num, “Rede social”, ele aparecia como presidente da Universidade de Harvard, interpretado por um ator. Ou era ele mesmo? Não duvido. No outro, “Trabalho interno”, ele era um membro da gangue responsável pela desregulamentação do sistema financeiro e pelos favores a Wall Street que deram nos escândalos dos derivativos e das hipotecas podres, e na crise das finanças internacionais. Neste, era certamente ele mesmo. Acho que não há outro caso na história dos oscares de uma coincidência parecida de vilões.

No filme “Rede social”, se me lembro bem, Summers dá alguns conselhos cínicos aos estudantes que se queixam da apropriação de suas ideias por outros alunos, dizendo que o roubo de ideias é apenas uma prova do espírito empreendedor cultivado em Harvard. No documentário “Trabalho interno” ele é um dos principais exemplos da culpa de economistas e conselheiros econômicos na meleca toda.
Quando era secretário do Tesouro do governo Clinton, Summers escreveu um memorando que ficou famoso, recomendando que indústrias poluidoras fossem transferidas para países subdesenvolvidos, onde os trabalhadores eram pobres e portanto o custo social seria menor. Citava a África como uma área sub-habitada e, na opinião dele, sub-poluída. Summers depois disse que o memorando era uma brincadeira. 

Também alegou ter sido mal entendido quando num discurso, já como presidente da Harvard, atribuiu a falta de nomes femininos de destaque nas pesquisas científicas a uma inferioridade mental da mulher. Foi uma das razões para correrem com ele da universidade.

Apesar dos maus conselhos e das gafes, Summers não perdeu seu prestígio. E, depois de ser um símbolo da política econômica comprometida com os vigaristas de Wall Street, tornou-se um símbolo, mais triste, de desilusão com o Barack Obama, que durante a campanha tinha prometido acabar com a farra dos bancos desregulados e a submissão dos políticos aos interesses dos “gatos gordos” do sistema financeiro, e quando tomou posse convidou para liderar a sua equipe econômica — Larry Summers!

Summers não está mais com o Obama. Mas depois da decepção inicial o Baraca não recuperou as esperanças despertadas com sua retórica eleitoral e hoje é atacado pela esquerda, como um enganador, tanto quanto pela direita, que o chama de demônio socialista e coisa pior. As esperanças da esquerda — que incluíam a retirada imediata do Iraque e do Afeganistão, além de um plano de saúde social revolucionário e ferro em Wall Street — eram irrealistas. Obama é apenas humano. Mas o convite ao ubíquo Mr. Summers, depois de tudo que se sabia dele, foi um pouco demais.

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