Filho de Érico Veríssimo, um dos maiores nomes da literatura nacional, Luis Fernando Verissimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. Aos 16 anos, foi morar nos EUA, onde aprendeu a tocar saxofone, hábito que cultiva até hoje – tem um grupo, o Jazz 6. É jornalista, mas “do tempo em que não precisava de diploma para exercer a profissão”. Antes de se dedicar exclusivamente à literatura, trabalhou como revisor no jornal gaúcho Zero Hora, em fins de 1966, e atuou como tradutor, no Rio de Janeiro. Casado há mais de 30 anos com Lúcia Verissimo (“não é a atriz, não é a atriz!”), sua primeira “namorada séria”, tem três filhos: Fernanda, Mariana e Pedro.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Tétrico trio e O nome - Crônicas dos jornais Estadão e Bom Dia (17/03/11)

Você imaginaria que uma nação traumatizada por dois ataques atômicos que mataram e mutilaram milhares dos seus cidadãos seria a última a recorrer a usinas nucleares para sua energia. Mas o Japão é um dos países (outro é a França) que aderiram com mais entusiasmo à tecnologia nuclear, desmentindo a velha máxima do gato escaldado e da água fria. 

Agora Fukushima, onde ainda não sabem se haverá uma grande tragédia ou apenas um grande susto, poderá se juntar a Hiroshima e Nagasaki num tétrico trio de lugares destruídos, com a diferença que em Hiroshima e Nagasaki a destruição veio do alto e no caso de Fukushima viria do chão e do mar, com o movimento das placas tectônicas substituindo os bombardeiros americanos e a fúria da natureza substituindo a fúria da guerra. 

Os japoneses alegam que o país não tem alternativas viáveis para produzir a energia de que necessita e que suas centrais nucleares são construídas para resistir aos previsíveis terremotos mas também já surgiram denúncias de falsificações de relatórios de segurança e outras falcatruas na administração das usinas, inclusive na de Fukushima. 

O que só prova que a estupidez humana é a mesma, seja pilotando um B-29 ou maquiando a ameaça do envenenamento por acidente de uma população.

O NOME  

Ajudaria a compreender melhor os acontecimentos no Oriente Médio se pelo menos a imprensa brasileira chegasse a um acordo sobre a grafia correta do nome do homem oscilante, mas ainda forte, da Líbia. Afinal, é Kadafi, Kadaffi, Kaddafi, Gadafi, Gadaffi, Gaddafi, Qaddafi, Qadaffi, Qadafi ou o que? 

Quanto ao seu primeiro nome, Muammar, parece não haver dúvida, se bem que haveria uma corrente propensa a eliminar um dos “emes” para não complicar a coisa, ou complicá-la ainda mais. Mas e o sobrenome? O da carteirinha do clube, o do CPF? Algum repórter mais empreendedor poderia tentar acessar a certidão de nascimento do, do, enfim, do cara, ou, se conseguisse se aproximar dele, perguntar como ele se chama e pedir “Soletra!”. 

Fora isso, proponho uma reunião dos jornais para padronizar o uso do nome do ditador, sob pena da situação ficar insustentável, levando à discórdia entre editores e revisores e à perplexidade entre leitores. Se não se chegar a uma grafia comum do nome se poderia adotar outro, de comum acordo. Como, por exemplo, sei lá. Souza.

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